O fenômeno do aquecimento global e seus impactos têm ido muito além das agendas ambientais, influenciando diretamente setores econômicos vitais. Um dos mais afetados é o varejo de moda, que enfrenta desafios crescentes à medida que os invernos se tornam progressivamente mais quentes. Este panorama tem forçado executivos, empresários e outros profissionais do setor a repensar estratégias, buscando maneiras de adaptar-se à nova realidade climática, minimizando impactos e explorando novas oportunidades.
Recentemente, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou dados que apontam uma projeção de faturamento de R$ 14,06 bilhões para o setor de moda, um declínio de 4% comparado a períodos anteriores. Este decréscimo está ligado a um dos invernos mais quentes já registrados desde 2021. Esse cenário impactou diretamente o comportamento de compra dos consumidores e, por consequência, as estratégias do varejo de moda.
Neste texto, vamos explicar a ligação entre o varejo de moda e as mudanças climáticas, detalhando os desafios e estratégias de adaptação que podem ser adotadas pelas empresas.
Consequências das mudanças climáticas
À medida que as temperaturas aumentam globalmente, resultando em invernos mais quentes, a demanda por roupas sazonais, especialmente coleções de inverno robustas, diminui drasticamente. Isso desencadeia uma série de desafios para o varejo de moda, que vão desde a gestão de estoque até as estratégias de vendas. De acordo com um relatório recente divulgado pelo BTG, as mudanças climáticas e seus impactos nas condições meteorológicas atuais têm intensificado esses desafios, com temperaturas voláteis desencadeando uma necessidade de estratégias de negócios mais dinâmicas e adaptáveis.
No Brasil, por exemplo, o inverno de 2024 trouxe temperaturas significativamente acima da média, diminuindo a demanda por peças de vestuário mais pesadas e forçando varejistas a iniciarem liquidações antecipadamente para liberar excesso de estoque. Este fenômeno não se restringiu a poucos episódios de frentes frias esporádicas, refletindo uma tendência climática mais ampla que desafia as previsões tradicionais de vendas.
O estudo do BTG enfatiza que o clima “fora de época”, incluindo períodos de chuvas torrenciais e ondas de calor, sempre impactou as vendas do varejo de moda. Contudo, com o clima se tornando cada vez mais instável, esses desafios ficam ainda mais acentuados para os varejistas, particularmente aqueles focados em coleções sazonais com longos prazos de entrega.
Estratégias de adaptação no varejo de moda
Diante do aumento das temperaturas globais, as marcas de moda têm concentrado esforços na integração de estratégias inovadoras e sustentáveis para manter a relevância e o desempenho no mercado. Desenvolver coleções trans-seasonal – com roupas projetadas para serem utilizada em qualquer estação do ano, ultrapassando a divisão tradicional da moda em temporadas específicas, como primavera/verão e outono/inverno – tornou-se uma estratégia-chave, priorizando peças que funcionam em uma variedade de condições climáticas. A ideia é criar peças de roupa que podem ser sobrepostas ou estilizadas peças para oferecer flexibilidade em diferentes temperaturas.
Em um estudo publicado pela Global Fashion Agenda, destaca-se que a inovação em materiais está liderando o caminho para criar têxteis sustentáveis com propriedades termorreguladoras. Tais inovações incluem tecidos que podem adaptar-se às mudanças de temperatura, mantendo o conforto térmico do usuário sem sacrificar o estilo ou a durabilidade.
A adoção de práticas de produção mais enxutas, utilizando a fabricação sob demanda, também apresenta uma solução eficiente. De acordo com relatório da McKinsey & Company, a manufatura sob demanda não apenas minimiza o desperdício de recursos e o excesso de estoque, mas também permite que as marcas reajam prontamente às mudanças de demanda causadas por flutuações das condições climáticas. Essa flexibilidade pode ajudar as marcas a ajustarem volumes de produção e a oferta de produtos, baseando-se mais de perto nas necessidades do consumidor e condições de mercado.
Previsões meteorológicas personalizadas para o varejo de moda
As mudanças climáticas e suas consequências destacam a necessidade urgente de revisão das práticas de gestão de estoque e planejamento de produção, para que se tornem mais flexíveis e adaptáveis às rápidas mudanças climáticas. Entretanto, antes mesmo dessa tomada de ação e das mudanças na estratégia, é preciso compreender o clima com dados que permitem uma visualização clara do cenário. Neste sentido, a Nottus, especializada em meteorologia para negócios, oferece soluções precisas e personalizadas também para o segmento de varejo de moda.
Os serviços incluem a entrega de informações meteorológicas e adaptadas às necessidades específicas de cada cliente. Com uma abordagem que integra as mais recentes tecnologias e ferramentas disponíveis, é possível prever com maior precisão as variações climáticas e adaptar as estratégias de produção gerando ainda mais valor.
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